O vitiligo é uma doença cutânea adquirida, de causa desconhecida, caracterizada pela perda da coloração da pele. Não há predileção de sexo, raça ou idade, mas a média de aparecimento é em torno de 20 anos.
Existem vários fatores que parecem estar relacionados ao surgimento das lesões. São eles: genético (aproximadamente 20% dos pacientes com vitiligo têm pelo menos um dos parentes de primeiro grau com a doença), autoimune (costuma estar associado a doenças autoimunes como diabetes, tireoideopatias e alopécia areata) e ambiental (as manchas, inicialmente hipocrômicas, são notadas geralmente nas áreas fotoexpostas como a face, dorso das mãos e ao redor de orifícios corporais).
Clinicamente, o vitiligo é caracterizado por máculas (manchas) branco-nacaradas de tamanho variável e, de acordo com sua extensão e forma de distribuição na pele, pode ser classificado em “localizado” ou “generalizado”.
Nas crianças, o vitiligo tem algumas peculiaridades. O comprometimento cutâneo varia de 1 a 80%, e os locais mais acometidos são a face e o pescoço, seguidos pela porção inferior das extremidades, pelo tronco, extremidade superior e região perineal.
A evolução da doença é normalmente imprevisível. Sua progressão, geralmente, é lenta, mas pode exacerbar rapidamente. Há uma possibilidade de repigmentação espontânea das lesões, porém, isso ocorre em uma proporção que varia de 10 a 20% dos pacientes, e é mais freqüente nas áreas foto expostas e pequenas.
O diagnóstico do vitiligo é essencialmente clínico, podendo coexistir máculas acrômicas e pele normal em um mesmo indivíduo. A luz de Wood é uma lâmpada que ressalta uma fluorescência branco-azulada na pele lesada. Trata-se de um artifício bastante importante que permite o diagnóstico das lesões pouco visíveis a olho nu e o acompanhamento terapêutico do paciente.
O tratamento do vitiligo ainda é um grande desafio, uma vez que há muitas teorias que tentam explicar a origem da doença e muitas outras ainda a serem propostas. A principal linha de tratamento no vitiligo consiste em estimular a produção de pigmento nas áreas de pele lesadas. Novas drogas têm surgido e, aliadas às terapias convencionais e à boa relação médico/paciente, têm permitido grandes sucessos na terapêutica dessa doença.
Um aspecto dessa patologia que não pode ser esquecido é o psicossocial. Estudos mostram que mais de 50% dos pacientes com vitiligo dizem sofrer algum tipo de discriminação social e que 20% deles chegam a ser tratados de maneira rude. Assim, esses pacientes não devem ser encarados como possuidores de uma doença orgânica apenas, mas como um doente que vive em uma sociedade na qual a aparência tem grande apelo, até mesmo profissional. Trata-se, sem dúvida, de uma doença que, apesar de não ser contagiosa, carrega um estigma social muito forte e que, por isso, necessita ser tratada bem no seu início, caso contrário, deixa a pessoa em uma situação difícil em seu convívio social.